CHUVA FINA

A chuva fina cai à revelia,

Como a tocar piano na vidraça,

Dando aos telhados uma assepsia,

Enchendo as ruas de charme e graça.

Nos guarda-chuvas faz estrepolia,

Na pressa das pessoas pela praça;

A sua dança é como acrobacia,

Molhando a cabeça de quem passa...

Mas para mim é dor que alucina,

Pois foi num dia, assim, de chuva fina,

Que meu amor se foi e não devia...

E, desde então, chuva fina e ingrata,

Cai dos meus olhos feito uma cascata

De solidão, saudade e agonia...

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 18/09/2015
Reeditado em 07/12/2015
Código do texto: T5386598
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