TRÍPTICO - OS DOIS IRMÃOS

OS DOIS IRMÃOS - painel central

Costumados a ter seus olhos tristes

Um ar entre incrédulo e arredio,

Parecem esperar o já tardio

Alvoroço da vida com maus chistes.

Indiferentes, jogam feito alpistes

Seus vinténs ao som d’algum assovio.

Pés descalços que ignoram qualquer frio,

Qual cavaleiros sem arreios nem ristes.

Tão meninos e já conhecem tudo

O que o mundo dos homens mente e malda,

Onde a dor mal se oculta ao rosto mudo.

Por essas e outras, olham ora à balda,

Simulando ser o avesso do que são

Mais se apressando a idade da razão.

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