CAPITOSO

CAPITOSO

Pouco sei da verdade que há no vinho,

Assim como de aromas e de amores...

Bebo-o, entanto, a despeito de senhores,

Cuja nobre taça ávida adivinho.

Preferia ficar ali sozinho,

Pois, farto de censuras ou louvores,

Evitava dos grandes os favores,

Tanto quanto das belas o carinho.

Pode até parecer vã presunção,

Mas as marcas que sei no coração

Somente esse sanguíneo licor cura.

Entrementes, eu passo e cumprimento;

Entregue ao mais polido esquecimento

D’um líquido rubi posto em luz pura.

Betim - 17 09 2014