Como falar deste amor que agora tenho,
Se quando tive, dele sempre fiz segredo?
Talvez por egoísmo, e quem sabe, medo,
Amor não era a energia do meu engenho.
 
E porque não quis me calçar em tal valor
A minha alma esteja agora assim tão fria,
Que até mesmo a nossa deusa da poesia,
Já não crê nas confissões do meu fervor.
 
Entretanto, também amei e não foi pouco;
Mas achei que falar de amor era obsoleto 
Que nem quis vê-lo em versos celebrado. 
 
Por isso agora eu me vendo neste sufoco;
Quero dizer o quanto te amo num soneto,
E não acho o tom, nem o ritmo adequado;