ALMA INDIGENTE
Onde estará minha alma de inocente candura
Vagueando pura como a brancura da neve
Ela deixa pegadas que o tempo escreve
No recôndito das minhas linhas escuras
Se move como o perfume das flores da vida
Se descolore, murcha... mas não morre infeliz
Pois que ainda vive mesmo que adormecida
Guardando na raiz o sumo sulcado da cicatriz
Alma viandeira que tanto me livra dos negrumes da selva
De onde vens que ocupa este infausto corpo débil
Como podes dançar impávida como as flores na relva
Nesta execrável carcaça que rasteja como uma serpente
Que vagueia noctambulo na areia sem rumo como um réptil
E tu minha sublime alma residente ainda me chama de gente.