Terra molhada
Quando a chuva se esparrama pelo chão,
Rompendo grotas e rasgando a velha estrada,
Lançando ao ar o cheiro de terra molhada,
Vai colorindo todo de verde o sertão.
O sertanejo livra-se da aflição,
Que no peito ‘inda há pouco era grudada;
E lança mão de sua velha amiga enxada,
Vai abrindo covas e plantando a salvação.
E diz: “Ó Deus, que natureza perfeita!”
E pouco a pouco, se prepara pra colheita,
Apesar da jornada intensa, dura.
Ele sorri, e de orgulho enche seu peito,
Pois sabe ele que a lida é o único jeito
De abarrotar a humilde casa de fartura.