VAZIOS SEGUNDOS...

SONETO I

Eu vivo no vazio dos segundos!

São esses quais formando toda a hora

A cujo o tempo tolo elabora

Em tão minutos breves, infecundos...

Tristeza... Ela tenho visto a fora

E dentro em mim momentos moribundos

Quais vão morrendo em secretos mundos

Eu os procuro, mas já foram embora...

E meu vazio vai, se estende imenso

Eu já não sei do tempo, e nem penso

Só desejando apenas não estar...

Eu quero ser ausente por completo

Ser no meu passatempo predileto

Sereno, igual ao invisível ar...

SONETO II

Ser ar parado, ar de graça... Ar

Um movediço, movedor sem cor

E que se envolve em movimento, amor

Nos ventos vai, vai se preparar...

Ser brisa, ser nos campos sobre a flor

A ventania aflita a assustar

Um purificador final no olhar

Que se eleva, e leve sem pudor...

Ausência em peso, mas ser comprimido

Ao libertar-me ao vácuo indefinido

Sem ser notado, mais me inspirar...

Só! Nesta solidão que eu me arejo

Eu sinto às vezes, surge num lampejo

A poesia ávida a me achar...

Autor: André Luiz Pinheiro

28/08/2015