Não sou nada.
Creio, é certo, que eu não sou nada
pois nem mesmo o meu peso eu valho
viver tem sido para mim um atalho
com essa minha mente desparafusada.
Gasto meu tempo sempre a dar mancada
minha chuva nunca passou de orvalho
minha sorte perdeu-se no baralho
eu sou célula humana mau podada.
Me restam os versos que aceitam tudo
são minha voz, mesmo quando estou mudo
evitando-me um mundo tão pequeno.
E vou me valendo da poesia
teimando em usá-la como alquimia
pra manter vivo este fraco ser terreno.
Josérobertopalácio