O PAPA SAMARITANO
Pelas poeirentas bermas desta velha Europa
Vagueiam tristes multidões de deserdados,
Filhos da guerra, da miséria e da vil sorte,
Ansiando um lenitivo pra escapar à morte,
Ao ódio dos tiranos, e sempre explorados
P´ la falta de um calor, de pão ou de uma sopa.
Não são mendigos, antes são gritos de revolta
Por entre brumas nevoeirentas e insensíveis,
Sonhando descobrir a paz imorredoira
Na senda de uma vida justa e duradoira,
Gritos denunciadores, sempre imprevisíveis,
Contra grifos selváticos, por aí à solta.
Rasga este nevoeiro um vulto redentor,
Francisco, pomba branca, ramo de oliveira
Que agita as turvas águas deste negro oceano
Libelo de um agir qual bom samaritano -
Carisma de perdão e alma sem fronteira -
Estendendo a sua mão e semeando amor…
Eis para vós lição, ó Maiorais do mundo,
Que esbracejais na hora em lodaçal profundo!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA