Nem com travesseiro na cara

Se ela era feia? _ Não, ela era horrível, coitada!

Porque tão assustadora assim, que mal ela fez?

Causava espanto, a sua voz era tão desafinada,

Todos a olhava, não criam, olhavam outra vez.

A beata resolveu por vontade ser uma quenga,

A igreja no mesmo instante lhe apontou o dedo,

E a família em pé de guerra o dia todo arenga,

Para encarar a fera não era permitido ter medo.

Sorriso mineral parecia de uma pedra, extraído.

E o seu andar também não lhe ajudava em nada,

Bunda não tinha só o lugar, mas não foi colocada.

Olhos enviesados, verrugas e um sovaco fedido.

Peitos estrábicos; cada um olhava para um lado.

Nem com travesseiro na cara o ato é consumado.

Uberlândia MG

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 05/09/2015
Código do texto: T5372143
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