Soneto ao coitadismo

Pobre diabo arfando na calçada,

Que pensas tu, lançado aí? Desista,

a luta é árdua e inútil... Não resista

à inexorável ordem já traçada.

Passa-se o tempo numa vil caçada,

e a vida é dura nesta alma de artista,

o qual por mais que na beleza insista,

mais se condena à glória inalcançada.

Assim dizia o pobre menestrel

que versejava sobre flor e orvalho,

sobre o nascer do dia no papel.

Ó derrelito aedo, és o espantalho

da sociedade produtiva, o réu...

Verseje, mas que arranje algum trabalho!

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 05/09/2015
Código do texto: T5371496
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