Soneto dissonante

De dentro do poema eu vejo,

abestalhado a curvatura prima,

e um tanto louco assim até gaguejo,

invejo o amor, acotovelo a rima.

Pra que pousar-me dor tão exultante,

qual um falso torpor que se perdia,

como se amar fosse maior que o instante,

e se sentir amor, mais que podia.

E voo à luz do sol que se escancara

e enverga a verve ao vento em que versejo,

e corro nu à tempestade rara,

que cai à tez tão doce que se enlaça:

"Se passas de soslaio ao meu desejo,

descansa meu olhar quando te abraça".