AO ANJO DO MEDITERRÂNEO

Sob um véu dum céu escuro de estrelas fictícias...

Vejo nuvens acobertando sangue oculto pelos mares

Tombam corpos e sacrifícios, morrem projetos de vida!

Sem projéteis e horizontes, morrem aos múltiplos pares.

Jazem seres abatidos pela vã inconsciência

De irmandade racial de inequívoca maldade...

Morrem iguais sem terra firme, na adubada indiferença

Abraçados ao desespero, urgem por fraternidade.

Boiam corpos delatores da perene negligência

Pelas águas dum oceano quiçá muito assustado!

Cujas ondas lá na praia quebram cegas na indecência

Dum tempo que foi negado, sem sequer ter começado!

Pelas águas azuis- reais jaz um anjo pequenino

Cujos sonhos adormecidos-todos!- lhe foram roubados...