ESTADO DE COISAS

ESTADO DE COISAS

Enfim, a situação é a seguinte:

Se, caminhando à beira d'um abismo,

Olhasse e ouvisse além-mim o egoísmo

D'outra voz misteriosa de pedinte.

Talvez, inopinado, eu não me minte

Ou deixe de anunciar-me o cataclismo

À luz do lusco-fusco, enquanto cismo

Sobre ilusões do vão século vinte...

O facto é que é assim mesmo. Contudo,

Enquanto ando sozinho, pouco ajudo

A realizar o mundo ao meu redor.

Vivo como se alheio, enmimesmado,

E acho que me tornei o homem errado:

Qual sentinela, sempre pronto ao pior.

Betim - 15 08 2015