Pueril
Ainda faço versos em papel.
Coleciono rabiscos, rasgo tudo,
Reinvento as figuras, fico mudo,
Fico feio e estranho, viro fel.
Uso rimas de plástico e de vento.
Por vezes quebro regras, sou confuso.
Sou poema, soneto, me lambuzo,
E quando enfim me canso, não contento.
Meus verbos são impuros, sem teor,
Como a sombra espelhada em vidro claro.
E o sentimento é assim tão raro,
Que não falo jamais do que é amor.
Ainda faço versos à palavra,
Que é minha jazida e eu a lavra.