Soneto da indecisão
Abrindo os braços para um sonho antigo,
no puro berço a vida assim descansa,
trazendo em mim a paz de uma criança
e o olhar amargo e duro do inimigo.
Inexorável dúvida eu persigo
por entre as teias que viver entrança.
Ao longe eu vejo a Morte, a foice dança;
e corro, em vão, a achar um torpe abrigo.
Num meio termo, eu busco alguma sorte
na ignomínia deste emaranhado
de decisões, mas sem que me conforte
nesta pungente estrada, a andar, cansado.
E enquanto aguardo o vil soar da morte,
padeço sob o peso do passado.