ESPERA

Eu ouço ao longe o cantar dos galos
Nos quintais da vila onde moro,
E a tarde se apressa e são estalos
As batidas do relógio (que eu decoro).

No sol refulgem agora fracos halos
Pois entardece o dia e eu demoro
Olhando os ponteiros, e ao fitá-los
Meu rosto vê seu rosto e eu namoro...

Namoro sua presença, mesmo ausente,
Cativo nessa espera que angustia.
– Angústia que me deixa impaciente.

Mas consola-me, na espera, a melodia
Sonora dessa orquestra renitente
Dos galos nesta tarde, no findar do dia...



                                                   SGV (27/09/94)