E essa religiosidade... / Que é a literatura em nossas vidas / Um dia sem rezar... / E alma do poeta chora tanto! / Que só uma Ave Poesia / Para acalantar o seu pranto.
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Se hoje depois de décadas eu versejo,
São pelas vozes que andam comigo...
Insistentes almas que pedem abrigo;
E numa infinda labuta, obrigado eu me vejo.
Como se estivesse em indelével peleja,
Ou condenado a um eterno castigo;
Do qual livrar-me não mais consigo...
Pois sempre rendo-me ao sôfrego beijo.
Dores, lamúrias, desprezo e até alegria,
Chegam-me desde o eclodir da aurora;
E eles não se inibem se é noite ou dia.
O juízo não mais funciona como outrora.
Será que a insanidade é irmã da Poesia?!
Então, estejas comigo até a última hora.
(ABSTRAÇÕES RESILIENTES: Fábio Ribeiro )