ANTAGÔNICO

ANTAGÔNICO

Os que amamos odiar pela berlinda

Seguem indiferentes a impropérios.

Observam, porém, com olhos mais sérios

Nossas misérias pela noite infinda.

Estamos só a ver, também e ainda,

Sua ascenção-e-queda em vãos impérios.

Enquanto se enchem amplos cemitérios

Onde a alma espera pela glória vinda.

Correm-nos pelos olhos tantas vidas,

Que, embora cheias de glórias insabidas,

Desejam justo àquelas que não têm.

Daí por tantos (e há tanto) tanto horror:

Só sabe odiar quem, negado o amor,

Termina logo por se odiar também.

Betim - 05 05 2014