HORAS ESCURAS

HORAS ESCURAS

Assim como se aceita o tempo ruim

D’um dia a céu nublado e vento frio;

Como se aceita a dor, como o vazio

Da vida desprovida d’algum fim,

Aceito como parte ampla de mim

A tristeza e a beleza que desvio,

Tal-qual a lua, n’um lado sombrio

E oculto: Meu deserto e só confim...

Ora não, ora sim, contemplo o abismo

E paro à espera de outro cataclismo

Que precipite, enfim, a mim e o mundo.

Está próximo o fim? Pois que assim seja!

Mergulho o mar de mim sem que se veja

Aonde um fundo mais e mais profundo.

Betim - 10 07 2013