Deitado na cama, olhos fixos no espaço,
Vivo no corpo onde quase tudo morreu,
Só o coração ainda marca um compasso
Tentando lembrar que isso ainda sou eu,
 
O meu pensamento vaga a ti na distância,
E a mim retorna em ondas de melancolia.
O meu peito explode em incontida ânsia,
De que venha mais rápido o apelo do dia.
                         
Pois de dia eu trabalho e nele me divido,
Entre uma vida fugaz e a eterna saudade
Único sopro de vida que ainda me restou.
 
Sem esta memória eu já teria sucumbido
Da febre malsã que toda noite me invade
E já teria consumido tudo aquilo que sou.