A POBREZA DA TROVA

"A trova, dizes, não tem vôo, é pobre,

não conta nos brasões da Academia.

Que poeta se imortalizaria

compondo a trova, ainda que o brilho sobre?

O poeta há de crescer no verso nobre,

subir aos céus sem fim da fantasia.

Jamais ficar restrito à linha e a estria

do compasso que mede o sino em dobre.

Nunca se alcançará sem vôo alto,

sem a subida ao cume do Himalaia

- sair do terra a terra, chão e asfalto.

Sem vôo, dizes por fim - vãs pabulagens -,

mesmo a beleza da mais rica alfaia

não marca a glória das reais paisagens."

10-12-92.

www.joaojustiniano.net