A LABAREDA
A LABAREDA
Ornam-lhe o rosto dois rubros rubis,
Que faíscam em luz de orelha a orelha.
Súbito a pele toda se avermelha
N’um afogueado vívido e feliz.
A alcunha “labareda” lhe condiz
Como se as róseas chamas d’uma centelha
No olhar enamorado que, de esguelha,
Eu dissimulo em tímidos ardis.
Achegar-me é sentir a calentura
Do contacto febril de sua pele,
Cujo toque em brasas me tortura.
Mas quanto mais me queima, mais me impele...
Resta-me acarinhá-la com ternura;
Cuidar que seu ardor nunca enregele.
Betim - 12 09 2014