SONILÓQUIO

SONILÓQUIO

Costumava a falar durante o sono

Os mais inconfessáveis dos segredos...

Esse era justamente um de seus medos,

Como da própria voz não fosse dono.

Quando no profundíssimo abandono,

Balbucia uns insólitos enredos.

Sobretudo, prazeres... Dias ledos

Que ele se rememora em triste outono.

Os amores ao longo d'uma vida

Vêm visitá-lo ao leito seu à medida

Que o corpo, inexorável, envelhece.

Mas, em sonhos, revive cada lance

De ventura que ainda algum romance

À flor de sua pele permanece.

Betim - 08 08 2015