MAR DOCE

MAR DOCE

Há um rio tão grande quanto o mar,

Que me atravessa a terra, no interior.

Não sei onde começa, nem se o maior

Que tem no mundo p'ra se navegar.

O que sei é que n'ele têm lugar

Vidas vividas só com sangue e suor:

Sempre amores e mortes no calor

De emoções impossíveis de domar.

Essa imensidão d'água é o horizonte

Que, inopinado, tenho em minha fronte

N'uma navegação lenta e imutável.

Oxalá eu ainda chegue aonde

Longe a nuvem escura se me esconde

E encontre em meio às águas o inefável.

Betim - 05 07 2015