Auto Retrato

Lá nos confins do mais bruto sertão,

Nasci, o quinto do cacho com nove,

Mirrado, vesgo, quase aberração,

Vingado em fé que montanha remove.

Herança de pai, um bom coração,

Da mãe, a garra pelo que é seu

Dos dois, a crença na religião

Que a vida apagou; tornei-me um ateu.

Com trabalho, nesta vida sofrida

Amei e odiei; vingança, eu prometo,

Não tive nem terei ma minha vida.

Eis me aqui, já claudicante, abstrato

Dedilhando as rimas deste soneto

Desenhando assim este auto-retrato.

OSWALDO DE SOUZA
Enviado por OSWALDO DE SOUZA em 31/07/2015
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