SOLAVANCO: RECORTES DE UM POETA
E num instante, me reportei a poesia
Se não vazia, insiste em atenuar
Todas as dores, tenras "verdades" no homem
O ódio consome, meu corpo sem anestesia.
Intensa, como a água despencando nos barrancos
Cai tão serena, se arrastando nas calçadas...
Segue poeta! com teus sonhos mal sonhados
Verso atirado, de uma vez num solavanco.
Subsistindo, flor de lis pisoteada
Na madrugada, a repousar em mar sereno
Lá num cantinho, o triste fim à espreita
Justiça feita no golpear de uma espada.
Abro a janela, soa o cantar de um sabiá
Um canto triste, alma presa logo chora
Molhando a flora do meu jardim altaneiro
Num derradeiro brilho terno do olhar.