Homem de capa preta
Cubro-me com minha capa preta que me oculta à beleza e me faz selvagem.
Capa preta que me protege dos meus inimigos.
Cubro-me, e escondo o meu verdadeiro eu, e me deleito na vingança.
Saio pelas ruas em meu cavalo bravo e meus inimigos se escondem, porque sabe que sou cruel e deixo rastro de sangue por onde passo.
Embora vivo entre eles como um bobo que eles se divertem, sou para eles uma diversão.
Mas a noite é minha, e com minha capa preta eu sou o mais detestável dos homens.
Todos evitariam me encontrar, porque teme o que realmente existe dentro de mim.
E, eu? Eu me divirto vendo seus medos, seus prantos, seus gritos de horrores.
Eles jamais poderiam confiar em alguém como eu, tão meigo, tão ingênuo, tão inocente.
Mas por trás desta aparência de homem bom, de um homem justo, sou um verdadeiro homem mal, que uso mascara que me oculta na noite serena, que logo transformo em uma noite de terror.
Não possuo piedade, nem tão pouco, misericórdia e não conheço o amor.
Sou justiça de mim mesmo, defensor do meu próprio mundo, mundo tão injusto, e falso como eu.
Sou o homem da capa preta, que uso para o fim da impunidade dos que pensam que sou um verdadeiro palhaço em seus espetáculos de hipocrisias dos homens bons, que na verdade nunca existiu em nenhuma parte do universo.
Sou aquele que sei escarrar em seus rostos de falsas aparências.
Sou seus pesadelos, sou seus medos, sou seus fantasmas.
Sou uma depravação total, fabricada no éden de Deus e possuída por minha natureza.
Sou uma sombra na noite de horror.
Uma sombra de capa preta que me cubro para me proteger dos meus irmãos, que igual a mim, devoram suas próprias espécies