A musa inalcançável
Oh anjo, sereia celestial da real fantasia,
Procuro-te num oceano igual, a esmo;
Encontro mulheres na praia, que assea;
Mas desejo ninfas e fadas, com esmero...
O que vejo eu com os olhos que Deus me deu?
Será trágica fulgura, que quadro d'amarguras,
É canto funeral, meu Deus, meu Deus, que horror!
O algoz, mirando o tiro, ensanguentado o coração meu:
Surge qual mulher com o desdém que me insegura:
Estou perdido, afogando-me numa maré de dor...
É o amor que, do meu encanto, deixou-me o pranto
Para chorar de uma languidez incomensurável,
E, sem compaixão, atira a sentença no meu peito:
Estou esperando o meu amor inalcançável...