NO REINO DE LEVIATÃ
Sem distinção entre quantidade e qualidade,
Sem distinção entre o qu´ é bem e o qu´ é mal,
Sem distinção entre o qu´ é ficção e o qu´ é real,
Está desta maneira a imberbe Humanidade.
Sem diferença entre as trevas e a claridade,
Sem diferença entre o qu´ é correcto ou marginal,
Sem diferença entre o qu´ é livre ou radical,
Está nesta contingência a humana Identidade.
Sem ponderar entre haver ordem ou anarquia,
Sem ponderar entre o qu´ é lei e o qu´ é sorte,
Sem ponderar entre o qu´ é vida e o qu´ é morte,
Está nesta engrenagem a humana fantasia.
Onde está a razão dos princípios e valores
Que a inteligência humana de longe arquitectou,
E onde estão os direitos qu´ a alma consagrou
Na dimensão da Arte e dos dignos criadores?
No reino de Leviatã, dos abutres e chacais,
Que enredam e devoram sempre e sempre mais!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA