AO ENCONTRO DA POESIA
À noite a cotovia chorava,
De tristeza pla humanidade,
Enquanto um rio cantava…
Em doce paz à nossa mocidade.
Sentado no banco do jardim,
O poeta dizia os seus versos,
Mas ninguém os ouvia assim;
como um pinto dos universos.
Ao Poeta ninguém lhe dava
Valor. E a poesia não brilhava,
Entretanto o sol abrasador
queimava os corpos sem favor.
Nem a sua Poesia tão qu’rida
Que ele amava tanto à partida,
Pouco dizia a quem a ouvia
Era uma poesia muito trabalhada.
Era uma poesia Literária,
com metáforas, comparações,
imagens, nesta grande área
mas quem tinha valor era Camões.
Uma poesia cheia de ironia,
Hipérboles, eufemismos, sim
E outras figuras de estilo
Com grandes ideias assim.
Ele ficava prá trás, enfim
Era ignorado e desprezado,
Nunca foi elogiado também
Nem foi premiado é assim.
Quando se não é conhecido
Mesmo que tenha valor,
É sempre muito esquecido
E nunca na vida será senhor.
E a tarde o sol doidamente,
Se espreguiça nas tranças
Do dia, enquanto esta gente
fazia as suas mudanças.
Na cama dormia os lençóis,
Num quarto bem sossegado.
E o vento gemia e depois…
Descobria o frio engarrafado.
E na janela do meu quarto
O vento batia como uma ave,
EU não dormia. Estou farto.
Ai como eu gostava desta cave!
E as árvores gritavam também,
alto, como uma criança assim
E um amor, que é o meu bem,
Respirava profundamente sim.
E assim tudo terminou esta coisa,
Que é uma fachada de viver…
Enquanto em minha alma poisa
Tudo pode mesmo acontecer.
LUIS COSTA
12/11/2003