Postas entre o sagrado e o segredo,
retóricas de mente e coração
– este mais amor e aquela mais razão –
nos enredam em textos sem enredo.
O filósofo amarra na palavra
a tese do discurso racional;
para o poeta o amor é seminal
e nas imagens que peneira e lavra
vem o poema-prosa que tarde ou cedo
cumpre o sonho daquilo que apalavra.
Se montam e remontam seu brinquedo,
se tudo muda e segue sempre igual,
é porque os dois costuram esse medo
de andar por um caminho sem final.
(publicado originalmente em www.algoadizer.com.br edição 86 de novembro de 2014).