DES ENERGIA

Um lobo de olhar faminto, que espreita,

Com seus caninos, atentos, proféticos,

O inevitável abate: num bote métrico,

Preciso qual o tempo da colheita.

Não seria impiedoso - mas, se aproveita,

Da fragilidade do humano cético,

Que em nada crê e crê ser eclético,

Como aquele que tudo aceita.

Sem filtros, sem escolhas, numa cegueira,

E, apesar de escravo, é seguro; é resolvido,

Vive de amém em amém, para ser “ético”.

Enquanto a fera lhe devora, sem bramidos...

Morres. E, enquanto escrevo, resta a caveira,

E a pergunta: falar disto é poético?!