MARTÍRIO

Quanta saudade das noites candentes,

dos teus sussuros lascivos no ouvido,

daquele beijo melífluo, atrevido,

da plena entrega, dos corpos carentes...

Na tua ausência, meus dias ridentes

vi transformados em dor e, ferido,

ando choroso, sem paz, aturdido

pelas lembranças severas, pungentes.

O coração fustigado reclama!

Não posso mais resistir, tenho fome

dos teus afagos, calor que me acalma.

Não me conforto, querer-te é meu drama!

A solidão me lacera, consome.

Desse martírio libertes minha alma.