ÁGUA-FORTE
ÁGUA-FORTE
Vês? Há tanto de sórdido e de absurdo
N'essa vã historieta que é a vida,
Que, por fim, ante tua alma despida,
De mais nada me admiro nem me aturdo.
Como imagens ao cego, sons ao surdo,
Não decifro quem és, dama iludida!
Descrever-te-ei, frustrado de saída,
Uma imagem às mil palavras que urdo.
Em chapas de impressão, linda te ponho
Sobre camadas tantas que remotas,
E antes já de loucura que de sonho.
Mas eis tua canção de incertas notas:
N'um lamento gravado em água-forte,
Figuram-te a beleza e a triste sorte...
Betim - 04 05 2011