A ferradura
Esses arreios, com que me tendes controlado,
São o mal de que sofro em meus sonhos,
Tal qual o jumento relincha eu tenho poetizado
A vida e estou fugindo de um pesadelo medonho...
Essa vida de jumento, ou de cavalo, de gado...
Amo o ar que me perpassa os pulmões,
O mato que mata a minha fome, amando,
Para sobreviver à condição animal, meras ilusões...
Oh, sofrimento que me transpassa a espinha,
Oh, ilusões que o meu suor sustenta,
Oh vida que me deu morte prematura...
Quero sentir o primeiro calafrio qual sentia
O amado, pela poetiza, que amá-la tentava;
Porém o amor é puro e, após a morte, perdura...