Ao pó
De que vale a vida se é um sopro ao vento,
Tão infima que desvanece sem previsão?
De que vale lutar pelo futuro se não sabemos se virá?
De que vale todo esse choro e pranto
Se a vida é um manto que se desfaz em pó?
Vale muito! Digo. Eu que sou deveras vivido.
Ou melhor, valerá, insisto.
Se amar de corpo e alma seu credo.
Se tiver alguém pra dividir as tristezas e alegrias.
Se puder abraçar, sorrir e cantar.
Valerá se, antes do sol raiar, se livrar da dor, angustia e temor.
Valerá, se for feliz sem precisar que te façam feliz.
Valerá se souber perdoar.
Sim valerá, quando em paz, ao pó retornar.