FÉ CONVULSA
Aguço a contundência da repulsa
sentida frente ao santo de mentira
que atado a seu capeta imerso em ira,
disfarça a própria sanha em fé convulsa.
E torna a vida inteira gota insulsa
vertida na consciência que delira
com mitos decantados verso e lira,
enquanto a compaixão do peito expulsa.
Ah, se no coração, sem vigilância,
pudesse ele abrigar o bem sagrado
que irmana a convivência à tolerância...
Aguando toda a farta e vasta lavra
de quando o amor, ansiando ser tocado,
se livra dos limites da palavra...