SERTANIA

SERTANIA

Se o peito trago em vão desassossego

É porque sinto quanto não se sente.

Temo que jamais tenha novamente

Paz: Um lugar aonde nunca chego.

Perseguindo as pegadas d'outro cego

Ou reforçando os traços d'um demente,

Caminho junto a abismos, displicente,

E com suor jardins áridos eu rego.

Todavia, eis-me aqui: O explorador.

Em busca de improváveis eldorados

Pelos sertões agrestes, desolados...

Quando surpreendo o cacto-rosa em flor!

Paro e vejo: a gratuita epifania

D’haver a paz na própria travessia.

Contagem - 20 09 2011