AMOR ETERNO
Numa aurora de Junho, ó Mamã, tu partiste
Em suave brisa, mas sem me dizeres adeus,
E eu por aqui fiquei solitário entre os meus
À espera duma prenda que ontem assumiste.
Recordas-te, mamã, da vontade que sentiste
De irmos colher ameixas, da cor dos olhos teus,
Ao veres a cerejeira subida até aos céus
Os seus rosados frutos logo preferiste?
- Vai, Nino, trepa àquele ramo qu´ está cheio
E corta duas ou três rocas mais maduras.
Mas, tem cuidado, não te metas em loucuras
E vai de pés descalços só até ao meio…
Eu lá subi, colhi e lancei-te pro avental
E tu sorriste ternamente: - Anda daí,
Vamos sentar-nos nas escadas do quintal…
Recordas-te, mamã, da saborosa merenda -
Cerejas e bom pão, que nunca mais comi -
E da promessa que fizeste de uma prenda?
Que era «amor eterno» e… saudades de ti!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA