RASTEJANTE...

RASTEJANTE...

Eu trago em mim, no peito uma amargura,

Guardada nos porões da minha vida;

Deixada nas cafuas mais escuras;

Nas densas solidões, por lá perdidas!

Passados tantos anos, não consigo,

Abrir este sepulcro e desterrar;

Tirar a dor de mim, deste jazigo,

Livrar-me destas lágrimas... Cantar!

Mas, hei de um dia, sim, mesmo distante,

Roubar-me de mim mesmo e confiante,

Soprar-me pelos ares nas alturas...

Porém, enquanto a dor em mim constante,

Cortar-me a carne, a alma, lacerante,

Não voo, eu só rastejo nas loucuras!...

Arão Filho

São Luís-MA, 09 de Junho de 2015