Reconciliação
Quando enfim vai-se embora a névoa suja
Que cobria de cinza a nossa folha,
Cinjamos a costura, minha escolha,
E brindemos a prosa antes que fuja.
E assim, que cada verso prometido
Seja em mim mais que pó, e em ti semente.
Seja mais que o espelho que não mente,
Pois enfim, nosso acaso terá ido.
E como a quero letra por letra, pois
Neste universo sádico e tão frio,
A caneta se vai então no rio
Sem deixar assim um bom final a dois.
Sei que este nosso nó vai se desfazer,
Mas não antes de o verbo dar-te o meu ser.