Autópsia
Olho-me, no espelho, às três da manhã,
Choro de uma tristeza que nunca finda,
Desde que eu percebi viver na berlinda,
Nessa vivência de uma pessoa tacanha.
Bem sei que não vejo o meu fim ainda,
Não pensem que é apenas uma manha;
Jamais! Eu não farei qualquer façanha
Que venha a abreviar essa dor infinda.
Insônia e um desejo de fugir me toma,
Porém, fugir já não solucionaria nada,
Porque eu bem sei ser apenas sintoma.
Acordar para a vida isso é uma furada,
Após isso não há mais nenhuma soma,
Pois a minha vida parece estar travada.