UM VELHO NO ESPELHO
UM VELHO NO ESPELHO
As minhas manhãs são de estranhamento...
Às vezes não conheço aquele velho,
Que insiste em me encarar do meu espelho.
Tampouco essa sua ira e atrevimento.
A quantas anda a vida ao isolamento
Que questiona o sistema e seu aparelho?
Pois, de tanto dobrar o meu joelho,
Andarei claudicante e sem intento.
Envelheço. Sem dúvida envelheço:
Nu, vejo-me encanecido, flácido.
Ainda que o semblante esteja plácido.
Ao mesmo tempo, orgulho-me em ter sido
Quem fui e sou, nas cãs me reconheço:
Este velho sou eu! Mas mais vivido...
Cidade Industrial – 02 12 2005