ENTRE AVÓ E NETO
Essas duas mãos trêmulas e macias
Que no ontem foram bem calejadas
Estão postas, leve, na tua sabedoria
Apoiando sua face de lutas passadas.
Depositadas suave assim, tu ver-me
Com teu olhar de um afago celestial,
Cingindo com tua ternura a reger-me
Sinto-me amado em seu ar maternal.
Nessa permuta de olhares o tempo para,
Mas em mim... o tempo esta a percorrer
As lembranças cultivadas em pura seara.
Assim, vales de amor brotam no meu ser,
Pois foi regada em tua água limpa e clara,
Ungido por amor de avó, meu bem querer.