UM FESCENINO
UM FESCENINO
Era o mais incomum dos homens: sério
E, estranhamente, muito desdenhoso.
Sempre à certa distância, qual receoso,
Tinham-no por formal; às vezes, aéreo.
De facto, envolvia-o algum mistério,
Mesmo morigerado e bom esposo.
Visto que -- e n’isso tinha certo gozo --
Guardava um sempre pronto vitupério:
Chispas de ódio ardiam em seu olhar!
E ai de quem ouve as pragas tão ferinas
Entre surpreso e ofenso ao seu falar!...
Saia-se ao fim com quadras fesceninas.
Burla que ainda aplica em todo incauto,
Jamais d’ele esperando sobressalto.
Belo Horizonte – 28 05 2001