OUTONO
Sem destino certo bailam folhas
Voam soltas, secas, leves, mortas
Pobrezinhas, não têm mais escolhas
Traça o vento insanas rotas, tortas
De tristura choram nus os galhos
Mui saudosos doutros tempos fartos
Da verdura, do frescor, de orvalhos
Quando tinham mais vigor, quão hartos!
Segue assim seu ciclo a natureza
Transformando cenas, sem pudores
Na paisagem pobre, esmaecida
O arvoredo, em singular beleza
Renovado, logo explode em cores
Espetáculo de luz e vida