Soneto de Confissão
Eu confesso que não passo de um mísero,
admito a maldade e o eu egoístico,
sou um errático consciente do abísmico
e sei deste horror que assola meu ímpeto.
Qual humano se escancara de hipócrita?
qual ser medíocre é que arranca sua máscara?
eu, que atinjo essa indiferença máxima
deixo sangrar minha inútil carótida.
Da humana raça me afirmo inimigo:
sobe-me à goela um reflúxico grito
e fervem-me ânsias nos brônquios do peito.
Há cuspe em todas as letras que digo
e mais vícios nos meus olhos malditos
do que erros por meu caminho mal-feito.