NÁUFRAGO

Sou nau sem rumo

No oceano da vida.

É calmaria. Mastros a prumo.

Da gávea, nada à vista.

Sou levado por forte corrente.

Céu de brumas, sem estrelas,

Nem porto seguro ou oriente.

Eu, dias e noites, à espreita.

Mas, tal como náufrago à deriva,

Sem destino ou norte,

Descrente em futuro, sou.

Já próximo ao vórtice fatal,

Fico seduzindo a morte

A descer às regiões abissais.