DESVENTURA

Amei demais a carne podre, impura

Ciúme, possessão, querença insana

Deixei que se tornasse soberana

No fraco coração a tal loucura

De volta à lucidez, que desventura!

O riso da ilusão não mais me engana

Foi vã a imolação, paixão mundana

Cortante experiência, amarga, dura...

Agora, ao despertar do longo sono

Percebo meu completo desmazelo

A mim mesmo infligi tanto abandono...

Curado, tenho extensas cicatrizes

Que, marcas do medonho pesadelo

Jazigos são de meus dilemas, crises